domingo, 8 de setembro de 2013



AS MINHOCAS

Uma minhoca faceira
saltou da terra molhada.
Dizem que ela não vê nada,
mas acho que olhou pra mim.
Eu lhe perguntei assim:
- Por acaso está perdida?
- Qual é a sua comida?
- Você não sabe falar?

Respondeu minhas perguntas
o meu pai ao me escutar:
- Ela não sabe falar,
porém não está perdida.
Ela é redonda e comprida,
sem orelhas, sem nariz.
Até parece estar feliz,
mas quer mesmo é se enterrar.

A nossa amiga minhoca
prepara o quintal da gente.
Come terra sem ter dentes,
faz húmus o dia inteiro.
Nisto, o pai, mais que ligeiro,
tentou pegar a minhoca,
mas ela achou sua toca
e escapou de ir pro pesqueiro.

Otavio Reichert

terça-feira, 6 de agosto de 2013

HINO OFICIAL DA 3ª REGIÃO TRADICIONALISTA



Campeirismo, raízes pampeanas,
pioneirismo que o tempo deu vez
para mesclas de vozes e laços,
guapa herança, tropeira altivez.
Pastoreio nas pedras e escritas,
surgem poetas, cantores, guardiões,
terra bugra do rio Uruguai;
irmanadas, Fronteira e Missões!

Quatro forças, união, parceria,
tem beleza e valor cultural.
A Terceira Região irradia,
liberdade, legado imortal!

Galhardias, veste indumentária,
honrarias de faixas, crachás,
nascedouro de prendas e peões,
gineteios e danças de paz.
Na bandeira, matizes e lanças,
reverências de amor, céu anil,
ferramentas de guerra e labor,
Pátria dentre a gaúcha Brasil!

Sete Povos, ardor que se expande,
de antanho os tauras de fé. 
Na maior das regiões do Rio Grande, 
tradições e o lunar de Sepé!


Letra: Otavio Reichert; Música: Mauro Tomé
do livro Para Crescer 

Quatro forças: 4 microrregiões da 3ª RT; 41 municípios;
Antanho: outrora, tempos idos;
Lunar de Sepé: cicatriz meia lua que, segundo a tradição, Sepé trazia sobre a testa e orientava seus seguidores.

sábado, 3 de agosto de 2013

A GOTA


Uma gota da vertente,
que despencou na cascata,
beijou a orla da mata
e do rio se foi ao mar.
 

Vaporou com sol e vento
a gota doce e salgada.
Como chuva empoeirada
das nuvens voltou pra cá.
  

Ela rolou na calçada...
Na terra sumiu de novo.
Voltará doce pro povo
se não for... contaminada.

Otavio Reichert                                    

Do livro PARA CRESCER
Publicada no livro de Matemática: reflexões no ensino, reflexos na aprendizagem 
(Ed. Edelbra, 2012; p.138)
Publicada no livro Afluências N° 06; Acamp. da Poesia - Entre-Ijuís;
Classificada no Concurso Poema nos Ônibus - Santo Ângelo-RS 2008;

22° lugar no XXIV Concurso Internacional Literário;
Publicada no Jornal Zero Hora em 14 Nov 2007.

     




LAGARTIXA DO DESERTO




Lagartixa do deserto não encontra água por perto.
Onde água não esguicha como vive a lagartixa?

Onde tudo é areia lá não vive a sereia.
Nem precisa de anzol, pois não há peixes no sol.

Na areia enterrada lagartixa come nada.
Mas à noite ela caça, com o vento faz arruaça.

Sabe em grupos conviver e sozinha se manter.
Não sei se sorte ou cruz, até só se reproduz.

No deserto do Saara oásis é coisa rara.
Refleti por um segundo: e se faltar água no mundo?

A resposta é que, por certo, o planeta será deserto.
Perguntando alguém cochicha... Seremos qual lagartixa?

                                                                     Otavio Reichert
Do livro OS MELHORES POEMAS
Publicada no livro Paragens (2011) – p. 107

O URSO PRETO





O urso preto das cavernas
pegava peixes no rio.
Pescava ensinando os filhos...
Vejam só o que ele viu!

Montes de lixo e venenos
e o peixinho que morreu.
Foi procurando os culpados;
agarrou um amigo meu!

O urso levou o amigo
pra caverna dos ursinhos.
E nadando tirava o lixo
tentando limpar sozinho!

Um ursinho morreu de fome,
o outro ficou doente.
O amigo viu que os bichos
também sofrem como a gente!

O urso inteligente
não matou o nosso amigo.
Hoje juntos limpam o rio,
mas querem contar contigo!

O urso preto não é mau,
mas já mandou dois recados:
que os rios estão poluídos
e vai pegar... os culpados!




Otavio Reichert                                       

Do livro URSO PRETO