Por Otavio Reichert
Peleia
Não vivi o
antigamente, histórias de pelejadas.
Que falam de homens
valentes, algumas até inventadas.
Num fandango, há pouco
tempo, assisti lá no interior;
e crianças, saiam de
perto, pra não sonhar com o pavor.
Eram oito os
seguranças os guardas da tal festança
e três irmãos,
araganos, com as prendas ali na dança.
Farreavam em gritos,
relinchos, quais potros em liberdade,
quiseram prender um
deles, achando que era maldade.
Aquele bando de
praças escoltou o seu Marino!
E batendo - assim de graça -
pois nem reagiu o teatino...
Brigaram três contra
oito, o fandango tinha parado:
durou pouquito o
furdunço, o trio já quase algemado.
Covarde fica bem
macho, nas folgas e na ocasião.
O cacetete borracha
comeu o lombo do irmão.
E querendo bater de novo,
levantou mais uma vez,
mas alguém segurou o
taco e veio em defesa dos três.
O polícia olhou pra
trás - quem fizera o desatino.
Num relance, assim
num zás, perdeu o taco e o tino.
O salão que era
silêncio barulhou com aquela luta:
a mulher daquele
quera tinha a arma do recruta.
O guarda se foi pra
cima, achando que ali vencia!
Amigos segurem a
rima, que inté a gaita gemia.
Ela jogou o cacete
fora, decerto não quis usar.
E ele agarrou uma
cadeira, com ganas de até matar.
A prenda saltou de
salto e a cadeira se espatifou.
Pegou ela, dum
costado, uma ripa que se soltou.
O milico ainda
agachado, e ninguém quis se meter,
levou na testa a
ripada que esguichou sangue a correr.
As outras duas
pinguanchas vieram juntas roncando.
Juntaram-se com a primeira; agora já seis
peleando!
Uma delas com um
facão, mas levou uma bordoada,
frouxaram as forças
no ato e já logo foi desarmada.
O marido da
pinguancha, de imediato fez socorro!
Se achegou pedindo
cancha; no braço levou o estouro!
O facão meio sem fio,
mal cortou, mas quebrou osso,
pendeu o membro
ferido; urrou de dor no alvoroço.
E atrapalhava-lhe o
braço, balançando ao movimento.
Soltou o cinto pra
espaço, vejam só qual era o intento.
Meteu a mão nas
bombachas, guaiaca chinchou de novo:
e daquele jeito
maneado, deu um pealo num corcovo.
O praça caiu de
esguelha, mas puxou d’arma e deu tiro.
Errou... e quebrou
uma telha, que veio fazendo giro.
Assim que o caco
caiu, lascou um chute bicudo
que em cheio acertou
no praça, quebrando nariz e tudo.
Mais tarde chegou
reforço e reverteram a situação.
Os que vieram, muito
esforço, pra juntar os outros no chão.
Dos casais, cinco
prenderam, nove leitos na UTI,
dos nove, oito
morreram, mas o nono... ESTÁ AQUI!