domingo, 20 de setembro de 2015

Poesia reverenciando a valentia, não somente dos gaúchos, mas também das prendas!



Por Otavio Reichert

 Peleia

Não vivi o antigamente, histórias de pelejadas.
Que falam de homens valentes, algumas até inventadas.
Num fandango, há pouco tempo, assisti lá no interior;
e crianças, saiam de perto, pra não sonhar com o pavor.

Eram oito os seguranças os guardas da tal festança
e três irmãos, araganos, com as prendas ali na dança.
Farreavam em gritos, relinchos, quais potros em liberdade,
quiseram prender um deles, achando que era maldade.

Aquele bando de praças escoltou o seu Marino!
E batendo - assim de graça - pois nem reagiu o teatino...
Brigaram três contra oito, o fandango tinha parado:
durou pouquito o furdunço, o trio já quase algemado.

Covarde fica bem macho, nas folgas e na ocasião.
O cacetete borracha comeu o lombo do irmão.
E querendo bater de novo, levantou mais uma vez,
mas alguém segurou o taco e veio em defesa dos três.
                                                                         
O polícia olhou pra trás - quem fizera o desatino.
Num relance, assim num zás, perdeu o taco e o tino.
O salão que era silêncio barulhou com aquela luta:
a mulher daquele quera tinha a arma do recruta.

O guarda se foi pra cima, achando que ali vencia!
Amigos segurem a rima, que inté a gaita gemia.
Ela jogou o cacete fora, decerto não quis usar.
E ele agarrou uma cadeira, com ganas de até matar.

A prenda saltou de salto e a cadeira se espatifou.
Pegou ela, dum costado, uma ripa que se soltou.
O milico ainda agachado, e ninguém quis se meter,
levou na testa a ripada que esguichou sangue a correr.

As outras duas pinguanchas vieram juntas roncando.
 Juntaram-se com a primeira; agora já seis peleando!
Uma delas com um facão, mas levou uma bordoada,
frouxaram as forças no ato e já logo foi desarmada.

O marido da pinguancha, de imediato fez socorro!
Se achegou pedindo cancha; no braço levou o estouro!
O facão meio sem fio, mal cortou, mas quebrou osso,
pendeu o membro ferido; urrou de dor no alvoroço.

E atrapalhava-lhe o braço, balançando ao movimento.
Soltou o cinto pra espaço, vejam só qual era o intento.
Meteu a mão nas bombachas, guaiaca chinchou de novo:
e daquele jeito maneado, deu um pealo num corcovo.

O praça caiu de esguelha, mas puxou d’arma e deu tiro.
Errou... e quebrou uma telha, que veio fazendo giro.
Assim que o caco caiu, lascou um chute bicudo
que em cheio acertou no praça, quebrando nariz e tudo.

Mais tarde chegou reforço e reverteram a situação.
Os que vieram, muito esforço, pra juntar os outros no chão.
Dos casais, cinco prenderam, nove leitos na UTI,
dos nove, oito morreram, mas o nono... ESTÁ AQUI!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Às Mamães nossa eterna homenagem. A pedido da aluna Luana, da Escola Edi Lippert...



SUBLIME AMOR

Berço em nuvens de algodão, a reviver doce infância!
Voltar no tempo é fragrância de memórias resguardadas.
Afagos de mãos de fada: no seu ventre alguém crescia.
Será menino ou menina? A mãe nem nos conhecia!

Sublime doação que faz na exuberância do amor.
Por cumprir obra divina oculta sua própria dor.


Aos ideais, além do lar, ansiando nosso futuro,
se redobram aos apuros estas mamães professoras.
São enfermeira e doutoras, policial e governante.
Tem por luz guiar seu filho. Amorosa, mas atuante!

Por vezes, a estas guerreiras, um sobrepeso recai:
proteger; suster a casa, na missão de mãe e pai.


Nesta data especial receba Bênção maior!
Quando o filho ao derredor, rebrilha sua alegria.
Para os entes há magia no beijo da mãe amada.
Vigília terna e eterna no coração comungada!

Nos caminhos mais floridos vislumbrei a tua imagem.
Também às mães adotivas, nossa mais bela homenagem!

domingo, 21 de junho de 2015

Poema valorizando a sabedoria... Seja sábio em seus atos! O JULGAMENTO

Poema valorizando a sabedoria... Seja sábio em seus atos!



O JULGAMENTO

Foi Antes de Cristo, reclusas num lar,
mulheres no leito com recém nascidos.
Na aurora uma delas foi rever seu filho.
Triste percebeu que ele tinha morrido.

Silêncio macabro invadiu sua alma.
Trocou o filhinho por outro menino.
Agiu de má fé e coração mesquinho
por dor ou ciúmes, talvez desatino.

Um grito de dor se ouviu de outra mãe,
que logo depois percebeu algo errado.
E ao reconhecer o bebê, noutros braços,
gerou-se um conflito naquele reinado.

O Rei Salomão ordenou, ante as mães:
- Corte o bebê, repartindo em metades.
Para cada mãe se entregue uma parte...
Uma espada em riste para a crueldade!

Foi neste momento, que o rei, na sapiência,
soube qual das duas estava com Deus.
- Prefiro meu filho nos braços de outra
do que tê-lo morto nos braços meus!

Baseado em Reis 3: 16-28

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Nem só de poesia vive o homem... da minha coluna INTEGRANDO, publicada em 11 de abril 2015.



Coadjuvantes: Na queda de um helicóptero (02 de abril) em SP, morreram o piloto Carlos Gonçalves, os mecânicos Paulo Moraes, Erick Martinho, e Leandro Souza. Mais tarde se soube da morte do piloto Thomaz Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin, que também estava na aeronave.
Buenas! Assim poderia se publicar o acidente, porém o jornalismo só enfocava ao último. Algumas emissoras nem anunciaram os demais. E quase todos os pronunciamentos de autoridades só lamentavam a morte do filho do governador. As outras quatro vítimas eram coadjuvantes, e seus familiares isentos do sofrimento. A vida está repleta de coadjuvantes.

Coadjuvantes 2: Com seu discernimento aprimorado, pois quem lê um coadjuvante é um leitor contumaz, afirmo que desde os primórdios foi assim. Quer prova? Jesus Cristo foi crucificado entre dois ladrões, e a bíblia sequer cita os nomes deles, embora um deles tenha se salvado, pois que se arrependeu dos pecados. Seu pensamento já cogitou: “Eram ladrões!” Embora o sendo, a mãe destes sofreu dor similar à Maria, pois mãe é mãe!

Coadjuvantes 3: Diz o compositor Leopoldo Rassier na canção SABE MOÇO:

Sabe, moço, que no meio do alvoroço,
tive um lenço no pescoço que foi bandeira pra mim.
Que andei em mil peleias, em lutas brutas e feias
desde o começo até o fim.

Sabe, moço, depois das revoluções,
vi esbanjarem brasões pra caudilhos coronéis.
Vi cintilarem anéis, assinatura em papéis,
honrarias para heróis.

É duro, moço, olhar agora pra história,
e ver páginas de glórias, e retratos de imortais.

Sabe, moço, fui guerreiro como tantos,
que andaram nos quatro cantos, sempre seguindo um clarim.
.
E o que restou? Ah, sim! No peito em vez de medalhas!
Cicatrizes de batalhas: foi o que sobrou pra mim.